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Como criar personagens multidimensionais


Segundo Syd Field, no Manual do Roteiro, a criação dos personagens é um dos pontos que merece grande cuidado por parte do roteirista. Se considerarmos que a literatura que mais cria empatia no leitor é justamente aquela em que o leitor se sente dentro da história, exatamente como ocorre num filme, as mesmas dicas aplicadas em roteiros podem ser levadas para dentro dos livros.

Vou falar do protagonista, mas as mesmas regras podem ser aplicadas aos antagonistas e aos demais tipos de personagens (nós falaremos deles daqui para frente). Antes de mais nada, é preciso determinar quem é o seu protagonista. Lembre-se: todo personagem é um ponto-de-vista. Uma senhora de meia idade, com filhos adolescentes-quase-adultos dificilmente terá o mesmo pensamento (e o mesmo comportamento) que um homem solteiro por volta dos 30 anos. Usar empatia e tentar se colocar no lugar do personagem é um dos primeiros passos para conseguir um personagem mais verossimilhante.


Depois, defina a necessidade dramática do seu personagem: o que seu protagonista quer? Uma necessidade bem delimitada é meio caminho andado na hora de produzir um bom enredo. Coloque muita coisa em risco: se seu personagem não conseguir alcançar seu objetivo, o que ele perde? O que está em jogo nessa história? Quanto mais arriscado for para a vida do seu personagem, maior o drama da sua história e, consequentemente, a aderência do público.

A necessidade do seu protagonista lhe dá uma meta, um destino, uma finalidade. Você deve imaginar sua história como uma jornada, do ponto A ao ponto B (ou ao ponto C, ou Z). Como o personagem vai fazer para alcançar esse ponto final é o que chamamos de história.


Uma vez determinado seu objetivo, crie obstáculos para seu personagem. Que características ele tem que o distancie de alcançar seu objetivo? Se pensarmos num homem, por volta dos 35/40 anos, que quer manter contato com os filhos depois do divórcio, que tipo de problemas ele pode ter que o afaste disso? Ele pode ser alcoólatra, pode ter sido surpreendido cometendo algum delito, pode ter algum vício que seja danoso aos seus filhos. Ele pode ter sido flagrado usando drogas ilícitas em público. Pode ter dado vexame na praça da cidade (caso more numa localidade pequena), bêbado como um gambá, tomando banho na fonte. Essas são situações obstáculos, que afastam seu protagonista do seu objetivo final.

Todo drama é conflito. E toda boa história parte de um bom drama. Assim, criar obstáculos suficientes (e suficientemente difíceis de lidar) é o que vai manter o público lendo sua história (ou assistindo ao seu filme) até o fim.

Quando falamos em personagem, lembre-se: uma pessoa é o que ela faz, não o que diz. É a ação que determina o personagem.

Ao criar seu personagem, é preciso pensar no componente interior e no componente exterior. Quanto ao interior, imagine uma biografia para seu personagem – do seu nascimento ao presente narrativo, ou seja, até o momento em que a história começa. Já o componente exterior vai do início ao fim da história, é que o chamamos de fatia de vida. Definir bem o componente interior é o que vai formar o personagem (seu caráter, sua personalidade) e o componente exterior vai revelar quem ele é e de que modo ele se relaciona com o mundo a partir do início da história.

Todas essas dicas acima valem para a criação de personagenstotalmente ficcionais. Contudo, você ainda pode se valer de uma estratégia muito interessante: usar personagens avatares. O vídeo abaixo fala sobre a diferença entre personagens avatares e personagens 100% ficcionais, e como aproveitá-los no seu processo de criação. Dá um play aí e confere:



Qualquer dúvida que tenha ficado, não hesite em perguntar. Também são bem-vindos comentários, outras dicas, um café...

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