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GAROTA EXEMPLAR - RESENHA




Ao começar a ler Garota Exemplar, achei que seria apenas mais um “romancezinho” clichê, porém o enredo logo se transformou em um suspense, uma investigação policial, um perfeito jogo psicótico.

Antes de irmos à sinopse, Conheça um pouco dos dois protagonistas:
Nick: “Eu tenho um rosto que dá vontade de socar: sou um garoto irlandês da classe operária preso no corpo de um filhinho de papai babaca. Sorrio muito para compensar meu rosto, mas isso só funciona às vezes. “
Amy: Superficialmente, é a filha única que nem deveria ter nascido. 
“Quando permaneci viva, eles me chamaram de Amy, porque era um nome comum de garota, um nome popular de garota, um nome que mil outros bebês receberam naquele ano, de modo que talvez os deuses não percebessem aquele pequeno bebê aninhado entre os outros.”
 Com o nascimento de Amy, seus pais escreveram uma série de livros infantis que delineavam a vida de uma garotinha perfeita. E é claro, isso afetou Amy. Ela não se tornou apenas uma menina mimada, mas uma mulher com sérios problemas.

Deixo claro que nenhum dos personagens são perfeitos. Ambos apresentam defeitos hediondos e qualidades adoráveis. Por isso ao longo do desenvolvimento do livro é provável que sua mente brinque de pingue-pongue, horas amando um personagem, horas o odiando. Entretanto não é possível escolher um lado para defender ― ao menos, não no início. 

Sinopse: Tudo começa no dia do quinto aniversário de casamento de Nick e Amy. Nick está no bar administrado por ele e sua irmã gêmea, Margo. Bar, este, comprado com o que sobrou dos lucros da venda dos famosos livros infantis Amy Exemplar, escritos pelos pais de Amy e que foram obrigados em todas as escolas durante muito tempo. Aparentemente aquele não seria um dia muito feliz, a julgar pelo comentário de Margo: “Será que fazemos uma aposta sobre quão furiosa ela vai ficar com você este ano?” e considerando que Nick parecia muito perturbado com algo que precisava dizer à esposa. Mas o que, realmente, marcou aquele dia foi o desparecimento de Amy. Ao chegar em casa, Nick encontra o gato na calçada do condomínio, a porta aberta e a sala bagunçada, dando sinal de que houvera um confronto ali.

Nick aciona a polícia, mas seus movimentos não demonstram perturbação. Nick está consideravelmente calmo e permanece assim por um bom tempo. Mas sua atitude pode ser atribuída perfeitamente à sua personalidade. 

Ao mesmo tempo em que tudo acontece, acompanhamos, em capítulos alternados, um pouco do diário de Amy. Presenciamos, então, o primeiro encontro do casal, o reencontro e as mudanças de comportamento após o casamento.

Com o passar dos dias, os acontecimentos tornam-se desfavoráveis a Nick, suas mentiras e sua conduta o deixam em uma situação preocupante e Nick passa a ser o principal suspeito, afinal é sempre o marido quem mata a esposa. Será?

A partir da metade do livro, a trama é revelada. Nos são apresentados novos personagens e novas evidências. Os conceitos que formamos até ali, começam a ser desfeitos. E nossas certezas (se é que temos alguma) se transformam em dúvidas. 

Gostaria de falar um pouco mais sobre a segunda e a terceira parte do livro, em especial da segunda, mas já seria falar demais. Deixarei em aberto, para que suas percepções não sejam minimizadas. Porém adianto que é a partir daí que o livro começa verdadeiramente.

Não me senti tão atraída no começo do livro, na verdade, não fiquei nem um pouco envolvida. Para mim, a segunda parte foi o que salvou todo o livro já que o final é um surpreendente anticlímax. Apesar disso, o livro apresenta um enredo maravilhoso, Flynn parece pensar em cada proeminência, deixando comentários aparentemente insignificantes, explicarem até o que poderia ser imperceptível (perceba que Nick precisou hipotecar a casa que fora de sua mãe para pagar os honorários de seu advogado):

“[…] ela passava por mim em direção a seu quarto na casa que hipotecara duas vezes para cobrir a remuneração de Tanner.”

A reflexão principal é sobre o casamento, como as pessoas podem mudar ou, melhor dizendo, se revelar. Quem temos ao nosso lado? Quem somos verdadeiramente? Será que não estamos simplesmente fingindo ser garotas/garotos legais? Mas, além disso, notamos o “dilema do filho único”, o quão prejudicial pode ser a veneração aos filhos.

Garota exemplar é um livro exemplar (desculpe o péssimo trocadilho). A narrativa é muito bem construída, evidenciando o quanto a autora se dedicou, sem deixar passar despercebido nenhum detalhe.

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