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PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN - RESENHA


Precisamos Falar Sobre O Kevin aborda temáticas excepcionais, trazendo como assunto principal a quinta-feira em que Kevin massacrou onze pessoas no ginásio de esportes do seu colégio. Sim, eu sei que é uma informação forte para o início de uma resenha, mas minha intenção é, exatamente, mostrar o quão intenso e objetivo é esse livro.

Além do grande acontecimento, a narrativa ainda explora, corajosamente, temas secundários como a família, a disciplina, a carreira profissional e o patriotismo. Utilizando-se de fatos e utopias, a personagem Eva Khatchadourian, mãe de Kevin, relembra todo o seu passado ao tentar entender o que deu errado.

Através de cartas para Franklin, o marido ausente, Eva faz uma retrospectiva de sua vida, conta que amava viajar, pois não queria ser como sua mãe que temia até ir à esquina, mas também porque queria fugir da acomodação norte-americana, a qual ela odiava. Assim, torna-se dona de uma grande empresa de guias de turismo, mas a vida da mulher independente começa a mudar antes mesmo de Kevin vir ao mundo.

O desejo de ter um filho partiu principalmente de Franklin que passou a amar integralmente Kevin. Um amor cego, que não permitia que ele enxergasse as atitudes perversas do filho. Já Eva as enxergava muito bem e embora tentasse se aproximar do filho, a rejeição era recíproca. Eva revela as dificuldades de cada etapa do desenvolvimento do filho; o bebê agitado que assustava as babás; a criança nociva; o adolescente provocativo, de hobbies incomuns como arco-e-flecha, colecionar vírus e de uma maneira bem peculiar de se satisfazer.

Incomodada com sua performance como mãe, Eva tenta provar para si mesma que a culpa da malcriação do filho não é sua, então, decide engravidar novamente, mas dessa vez é Franklin quem não gosta da ideia. Após alguns anos, nasce a adorável Celia, o oposto de Kevin, que se torna mais uma das vítimas das iniquidades do irmão mais velho.

A relação da família vai se estreitando cada vez mais, Eva tenta alertar o marido sobre quem eles têm em casa, mas Franklin sempre aceita o comportamento do filho predileto. E chega o momento em que a separação é inevitável.

Além de seu passado, Eva também comenta como sua vida mudou depois daquela quinta-feira: como está sendo ficar longe do marido e da filha, os olhares das outras pessoas e como é visitar Kevin no presídio.

Mas, para você que se interessou pela história, aviso: Este não é um livro que agrada a todos. Primeiro, pois Lionel Shriver é bastante descritiva e inicialmente a leitura pode ser bem cansativa. Porém cada detalhe é importante e nos deixa completamente envolvidos. Segundo, trata-se de um assunto delicado que mexe muito com a mente do leitor. Já faz um tempo que o li e ainda me pego pensando no tema, é um livro perfeito para amantes da psicanálise.

Precisamos Falar Sobre O Kevin é um “tapa na cara” de quem o lê. Eu senti muita raiva do comportamento do Franklin e me identificava com Eva, isso me fez refletir muito em minhas atitudes, já que ela também não era completamente correta nessa história. É isso o que esse livro faz, nos impulsiona a reavaliar diferentes pontos de vistas. E você, o que faria se seu filho fosse um assassino?

O livro tem uma adaptação cinematográfica, ainda não assisti, mas em breve, talvez, possamos falar um pouco mais sobre Kevin.

LIVRO: Precisamos falar sobre o Kevin
AUTOR(A): Lionel Shriver
CLASSIFICAÇÃO: 5 estrelas

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