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Resenha: Nihonjin - Oscar Nakasato


Sou descendente de japoneses, para ser mais especifica, sou o que se chamam de sansei que na tradução literal é a terceira geração no Brasil, ou seja, sou neta de japoneses. Meu avó, ou melhor, meu ojiichan, chegou ao Porto de Santos no dia 02 de setembro de 1927 pelo o navio Manila Maru, seu destino foi a fazenda Martinopolis. Ter a oportunidade de ler a obra de Oscar Nakasato, um outro sansei, foi uma mistura de sensações.
Vencedor de melhor romance pelo 54º Prêmio Jabuti, um dos maiores prêmios da literatura brasileira, e também vencedor do Prêmio Benvirá de Literatura. Oscar Nakasato, relata em Nihonjin a vida de seu avô Hideo Inabata durante a imigração japonesa para o Brasil. Não foi só um relato familiar/histórico, mas uma história que envolve sonhos, desilusões, preconceitos, anseios, e dúvidas. O sonho de todo imigrante japonês era enriquecer e retornar ao Japão em poucos anos, muitos deles eram nacionalistas e vieram a pedido do Imperador, e o Brasil, por sua vez, era uma terra distante que prometia enriquecimento rápido. O que não demorou a se revelar como sendo uma propaganda completamente enganosa. Foram poucos os que puderam retornar. Sendo assim construíram suas famílias e vidas por aqui. Hoje nós somos a maior colônia de descendentes de japoneses. Em 2008 comemorou-se 100 anos da Imigração Japonesa.
            O livro é bem escrito, simples e sucinto, Nakasato escreve o essencial, sem grandes floreios, e mesmo assim foi capaz de trazer a quem lê uma sensibilidade que até quem não é descendente de japoneses vai se emocionar. Hideo é um homem que, além de patriota, é ríspido e rígido, que leva a sério o significado da palavra nihonjin (que literalmente significa Japonês) e do orgulho que se deve ter de o ser, esse orgulho vai desencadear vários conflitos durante toda sua vida.  Sua história começa no navio durante a década de 1920, junto com sua primeira esposa: a delicada, medrosa e obediente Kimie. O casal vai morar e trabalhar na fazenda Ouro Verde e a trama se desenvolve a partir daí, mostrando todas as dificuldades e a adaptações de se estar numa terra tão hostil como o Brasil no início do século XX. Depois do campo ele consegue abrir uma loja no que hoje conhecemos como o Bairro da Liberdade em São Paulo.  Além das dificuldades iniciais, a história vai mostrar, por exemplo, os problemas de ser um japonês no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial depois que o Brasil se juntou aos Países Aliados.

São poucos os livros de literatura que falam sobre a Imigração Japonesa, mesmo que tenhamos ajudado no desenvolvimento do país, ainda temos um problema grave de representatividade, e ainda somos vistos de maneira estereotipada e como estrangeiros. Muitos ainda desconhecem nossa história, e é sempre bom encontrar livros que possam mudar isso.

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