DESCRIÇÕES: NÃO SEJA INÚTIL

Vou economizar nas palavras, serei breve. Porém, não pense que isso seja algum tipo de formula.
O maior erro cometido em descrições
Sem dúvida alguma, o seu excesso. Não, eu não sou daqueles leitores de YA, ou sequer um leitor preguiçoso. Não mesmo. Costumo, muito, ler clássicos, e noto a diferença gritante dos estilo de prosa quanto aos dias de hoje. Li Dostoievsky, Stendhal, Kafka, etc, e não me deixei intimidar pelos parágrafos de duas páginas e meia de descrição. Contudo, confesso que quase desistir de ler O Senhor dos Anéis. Por que? Descrições desnecessárias. Sério! Tolkien, eu não preciso saber o nome de cada árvore que existe na floresta de não sei aonde, abaixo da colina de não sei o que, ao leste do rio e tal..., nem que a goteira do fundo da caverna, do outro lado do precipício fazia um barulho estranho, ou que há meio polegar de sujeira atrás do pé do sofá.
É inútil.
Dostoievsky, pelo menos perdia tempo com monólogos, e não com descrições inúteis. E depois de analisar um pouco, vejo que, principalmente, em livros de fantasia, a descrição é extremamente exagerada.
Desculpem-me, os baba ovos do George Martin, mas seus livros são extremamente chatos (sem contar a prosa, nada lá essas coisas, como muita gente diz, a venera-lo. Nunca leram Lovecraft?!), por causa das descrições desnecessárias, e principalmente (principalmente!!!!!), a mania que o narrador tem de querer contar, cada vez que entra um novo personagem, a história inteira desse sujeito, quem era seu pai, o que ele fez quando tinha quinze anos e quem ele odeia, o que, ao todo, nos resta um milhão de páginas de texto desnecessário, que poderiam ser resolvidos, a provar-lhe a esperteza da prosa, num simples diálogo.
Por outro lado, vejo algumas exceções na fantasia, como O Nome do Vento, do Patrick Rothfuss, ao qual, considero ter o autor, embora eu não me agrade muito de suas sentenças curtas demais, uma excelente prosa, viva e ritmada.
Como fazer bem?
Julgo serem bons autores em suas descrições, o já citado Patrick Rothfuss, e pra honrar um clássico, o Machado de Assis (sim!). A explicar o Machado, em seus livros o nível de descrição se limita somente no essencial para a compreensão da cena, nada de mais, nada de menos, embora seja seu estilo muito similar a contos. Mas a maior parte de seus "blocos de texto", sã monólogos, loucas filosofias, e delírios.
Mas se está perdido, leitor, vou ilustrar:
Suponhamos que eu escreva uma cena, onde Maria e João estão perdidos na floresta, e ao longe avistam uma cabana abandonada. Não se mostra preciso, antes de tudo, descrever a cabana aos mínimos detalhes, porque isso se torna cansativo, e desnecessário. Basta dizer cabana. Todos nós temos um estereótipo na nossa mente, use-os ao seu favor. Se caso a cabana tiver alguma coisa nada convencional, como um teto de ouro, ou um nariz de palhaço desenhado na parede, eis a exceção da regra (que não é bem uma regra).
Aconselho focar no essencial: aquilo que faz sentido para a enredo.
Se o que tenho em mente é que Maria e João durmam na cabana, e ao amanhecer tomem o seu rumo, eu não preciso descrever que a cabana é de madeira, porque não faz diferença nenhuma.
Porém, se ao chegarem lá, João acende um fósforo e tudo pega fogo, é preciso que eu descreva antes, bem antes para não desiludir o leitor de uma imaginação errada que ele teve, que a casa era de madeira. Porque isso faz parte da enredo.
Isso também vale para roupas. Eu não preciso saber que a sua personagem veste uma mini saia rosa, a menos que, quando saia na rua, ela seja assediada pelos homens, o que é parte da trama. Não queira escrever um manual de moda, por favor; nem um guia turístico do seu mundo (como fez o Tolkien).
Só descreva coisas que fazem sentido estarem ali. Tudo o que pode ser pulado, e não ser lido, deve ser evitado, cortado; não perca seu tempo escritor, porque os leitores também não perderão o deles.
Conclusão...

E não pense que tudo isso aqui é objetivo. Não mesmo. Faça do seu jeito, porém reflita em si mesmo, sem os fundamentalismos, e melhore. Não sou Deus para me elevar a um plano metafísico e julgar o que é certo ou errado. Aos nossos olhos, por mais que exista uma verdade, tudo é opinião.
E essa é a minha opinião.
E há ainda quem argumente que longas descrições tornam tudo mais imersivo. Concordo com imersivo.
Aliás, eu diria, imersivo num sono profundo.
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