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Tive uma ideia! Como transformá-la em livro?


Como estruturar seu enredo em três atos



Você aprendeu na escola que toda história precisa ter começo, meio e fim, certo? Mas o que isso significa, afinal? O que deve aparecer no começo da sua história? Como se dá o meio? O que determina o fim? Muitos teóricos se desdobraram sobre a arte de dividir e analisar os enredos, a fim de compreender por que uma história faz mais sucesso que outras. Hoje, vamos discutir um enredo em três atos e as intervenções mais comuns.


Antes de começar, vamos definir algumas coisas:


1.  Protagonista: prot+agon+ista é o personagem que leva o enredo para frente; é ele que tem um agon, um drama muito forte (não por acaso, de agon deriva a palavra agonia). Todo protagonista tem um drama que precisa ser superado durante a jornada, para que ele seja capaz de alcançar seu objetivo. Defina o que o protagonista precisa vencer em si mesmo, contra que “defeito” ele precisa lutar para conseguir alcançar sua meta. Katniss se preocupa demais com os outros, tanto que se voluntariou para ir aos Jogos Vorazes no lugar de sua irmã. O altruísmo é uma virtude, mas, em escala ampliada, acaba se tornando um defeito, um vício – ainda mais quando ela precisa pensar um pouco mais em si mesma, ou não sobreviverá até o fim dos jogos.

2.  Meta: Defina, antes de começar a escrever, qual é a meta do seu personagem. Durante a jornada que é a história, o que seu personagem deseja alcançar e por quê. O que está em jogo caso o personagem não alcance sua meta? Tenha em mente: quanto mais estiver em jogo, maior a empatia do público com a meta do seu personagem. Harry Potter não queria apenas entrar para a escola de magia, ele queria derrotar Voldemort – se ele falhasse, o mundo ficaria sob o domínio das forças do mal.

Tendo isso em mente, vamos ver como a maioria dos escritores profissionais e dos roteiristas divide seu enredo.




1.  Início – Exposição: a exposição é o que seu professor chamava de início. Ela deve trazer, basicamente, quem são os personagens de sua história, definir quem é o protagonista e qual o conflito que ele vive. Assim, apresente seus personagens principais, inseridos no contexto inicial da história, com o protagonista mergulhado no vício que ele precisará vencer ao longo da jornada.

Numa narrativa tradicional, a exposição se desenvolve até o momento em que o conflito se apresenta claro ao expectador, ao leitor. Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, as primeiras páginas mostram quem é o menino Harry, onde e com quem ele vive, o quanto sua vida é miserável e o quanto ele sofre nas mãos dos tios e do primo, que o privam, inclusive, de conhecer sua condição de bruxo. A exposição vai até o momento que chamamos de ataque, que é o momento em que o conflito é revelado: quando Harry começa a receber as cartas de Hogwarts e Hagrid vai buscá-lo para, finalmente, ir à escola de magia.

Assim, numa narrativa mais tradicional, o escritor teria as primeiras dez páginas do livro para fazer o leitor imergir na história até demonstrar o conflito do protagonista. Contudo, como vivemos num mundo multimidiático, onde tudo é muito rápido, onde as opções de entretenimento são tantas e tão chamativas, que é preciso prender a atenção do leitor o mais cedo possível.

Imagine a primeira cena do seu livro: existe alguma forma de colocar o protagonista numa cena em que ele demonstre com ações quem ele é, com quem vive e qual o seu drama interno? É possível, ainda, já inserir nessa cena o conflito? Começar um livro no meio do olho do furacão pode funcionar muito bem e fazer o leitor ficar grudadinho nas suas letras, ansioso pela jornada.


2.  Complicação – meio: O ataque é um momento na história em que seu personagem decide se vai ou não aceitar a aventura, se vai aceitar que precisa sair da sua zona de conforto e confrontar seus monstros internos, ou seja, é um ponto sem retorno. A partir do momento que aceita sua jornada, o personagem não pode mais voltar atrás: é preciso seguir em frente e enfrentar os desafios que a aventura vai apresentar.

É importante que a aventura teste seu protagonista até seus limites. É importante que os pequenos confrontos que seu personagem vai enfrentar o tornem mais fortalecido, o ajudem a vencer, aos poucos, seu vício, seu drama interno. É para isso que serve a complicação. Lembre-se: quanto mais seu personagem vai vencendo os confrontos que aparecem em seu caminho, mais difíceis esses confrontos vão se tornando. Essa gradação é o que vai proporcionar a tensão necessária para conduzir a história ao clímax.

O clímax é o ponto alto da história. É o momento em que o personagem se depara com o maior desafio da sua vida, é quando ele precisa unir todas as lições que aprendeu durante a jornada para derrotar seu inimigo, se for o caso, ou para alcançar seu objetivo.


3.  Conclusão – fim: Após vencer o desafio no clímax, o protagonista dá sequência à história, feliz porque as coisas estão se encaminhando bem, satisfeito por ter alcançado sua conquista no confronto mais difícil de sua vida. É quando a história tem um novo ponto de virada, quando a história ganha um novo rumo e o protagonista mais uma vez vai ter suas certezas questionadas. Tudo o que estava dando certo, de repente, entra em colapso e ele se vê numa situação de vida ou morte. Ele questiona seu crescimento durante toda a história, as coisas saem do rumo e ele imagina que não vai dar conta. Mas não há retorno, não há como fugir: é preciso enfrentar o problema de frente e pagar para ver.

Aqui, duas possibilidades de final se apresentam: final feliz ou final trágico. No final feliz, o personagem vence esse confronto de vida ou morte e comemora, vitorioso, sua conquista e o fim do seu agon. Esse é o final que mais agrada ao público. Mas ele pode acabar se rendendo ao seu vício e ter um final trágico, não conseguindo vencer o confronto final. No teatro grego, essa possibilidade de final tinha um objetivo de transmitir uma moral ao povo, de demonstrar que, quando as pessoas se desviam da moral desejada, elas sofrem as consequências. Na modernidade, isso não é exatamente assim. Finais trágicos podem agradar o público, mesmo quando ele espera final feliz: basta lembrar de A culpa é das estrelas ou de Insurgente (o livro, não o filme).

Por hoje é isso. Mais pra frente, vamos ver por aqui outras formas de estruturar seu enredo, mas a premissa básica é mesmo essa. E você, como costuma estruturar o enredo de suas histórias?

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