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Travessuras da Menina Má


Sinopse: "O peruano Ricardo vê realizado, ainda jovem, o sonho que sempre alimentou - o de viver em Paris. O reencontro com um amor da adolescência o trará de volta à realidade. Lily - inconformista, aventureira e pragmática - o arrastará para fora do pequeno mundo de suas ambições. Ricardo e Lily - ela sempre mudando de nome e de marido - se reencontram várias vezes ao longo da vida, em diferentes cidades do mundo que foram cenários de momentos emblemáticos da História contemporânea. Na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; na Tóquio dos grandes mafiosos dos anos 80; e na Madri em transição política dos anos 90. Assim, ao mesmo tempo em que conta a história de um amor arrebatador, Travessuras da menina má traça um quadro vigoroso das transformações sociais europeias e convulsões políticas da América Latina. Muitas das experiências de vida de Vargas Llosa aparecem aqui, por meio de seus personagens - os tempos de penúria em Paris, seu trabalho como tradutor, sua simpatia pela revolução cubana e a ligação permanente com seu país de origem, o Peru. Criando uma tensão entre o cômico e o trágico, numa narrativa ágil, vigorosa e terna, que conduz o leitor nesta dança de encontros e desencontros, Mario Vargas Llosa joga com a realidade e a ficção para contar uma história em que o amor se mostra indefinível, senhor de mil faces, como a menina deliciosa e má."




Nunca havia lido Mário Vargas Llosa, e esse livro parecia uma porta convidativa no meu horizonte. Um dia resolvi visitar uma biblioteca perto do trabalho, e lá encontrei A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende. Fiquei tentado a levá-lo, até que vi Travessuras da Menina Má olhando para mim (desculpa, Allende).
O livro é narrado em primeira pessoa por Ricardo em tempo cronológico. Acompanhamos as cenas se desdobrarem em Lima, Paris, Londres, Tóquio e Madri, abordando momentos marcantes do contexto político de cada lugar.
Tudo começa com a chegada de duas chilenitas à Miraflores, bairro de classe alta de Lima, Lily e Lucy. Todos os garotos começam a se interessar pelas estrangeiras, especialmente Ricardo. Ele se apaixona por Lily, a mais marcante das irmãs, um fogo-fátuo, como descreve. Logo no primeiro capítulo Llosa mostra quem são os protagonistas. Lily é esperta e dissimulada; Ricardo tem desejo por idiomas e por morar em Paris. O capítulo acaba com a descoberta de que as chilenitas nada tinham de chilenas, fora tudo uma farsa. E as garotas, ruborizadas, fogem.
Anos depois, Ricardo já está em Paris, trabalhando como tradutor. Lá, reencontra Lily (agora camarada Arlette). Eles têm um relacionamento maravilhoso, até que a Menina Má vai embora. A partir daí o livro passa por diversos contextos sociais e políticos; abordando a Paris revolucionária dos anos 1960, a Londres das drogas dos anos 1970, a Tóquio da máfia dos anos 1980, a Madrid turbulenta dos anos 1990. E em cada uma dessas cidades, Ricardo reencontra Lily, esta sempre com outro nome, outro marido e outra vida.
Ao longo do livro desenvolvemos raiva pelo narrador, pois esse “coisinha à toa”, como diria a Menina Má, continua cego de paixão, apesar das mentiras e sumiços. Sempre que o relacionamento parece que vai engrenar, ela some. E assim o livro se torna previsível. Este é o único ponto negativo da trama.
Aqui temos momentos cômicos, tensos, românticos e tristes. O Llosa não se restringe a abordar somente o romance, e isso é um ponto maravilhoso. Sentimos saudades quando chegamos à última página, e queremos mais cem. O final é bonito e marcante. Ricardito e suas “breguices”, como ela diria; ou burrices, para quem tá lendo, dificilmente serão esquecidas.
A Menina Má nos causa angústia. Llosa nos mostra que é impossível mudar quem não quer ser mudado.
Valeu muito a pena ter lido esta história do Llosa.
Nota: 9/10

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